Durante uma era glacial bem remota, quando parte do globo terrestre se achava coberto por densas camadas de gelo, muitos animais não resistiram ao frio intenso e morreram. Morreram indefesos por não se adaptarem às condições do clima hostil.
Foi então que uma grande manada de porcos -espinhos, numa tentativa de se proteger e sobreviver, começou a se unir, a juntar-se mais e mais. Bem próximos um do outro, cada qual podia sentir o calor do corpo do outro. E assim, bem juntos, bem unidos, agasalhavam-se mutuamente. Assim aquecidos, conseguiam enfrentar por mais tempo aquele inverno terrível.
Vida ingrata, porém... Os espinhos de cada um começaram a incomodar, a ferir os companheiros mais próximos, justamente aqueles que lhes forneciam maior calor vital, questão de vida ou morte.
Feridos, magoados, sofridos e decepcionados, começaram a afastar-se. Por não suportarem os espinhos de seus semelhantes, eles se dispersaram.
Novo problema: afastados, separados começaram a morrer congelados.
Os que sobreviveram ao frio, voltaram a se aproximar, pouco a pouco. Com jeito e precauções. Unidos novamente, mas conservando uma certa distância do outro. Distância mínima , mas suficiente para conviver sem ferir, para sobreviver sem magoar, sem causar danos recíprocos.
Assim agindo, eles resistiram a longa era glacial. Apesar do frio e dos problemas, conseguiram sobreviver.