sábado, 5 de novembro de 2011

Nem tudo o que seu mestre mandar!

Xang era um sábio chinês. Seus alunos aceitavam seus ensinamentos sem pestanejar:
_ Sim, Mestre!
_ Eu ouço e obedeço, Mestre!
Um dia, Xang resolveu fazer uma viagem com três dos seus fiéis alunos. Instalaram-se numa carroça puxada por dois burrinhos e lá se foram :nhec, nhec. Xang, já velhinho,logo sentiu sono. Tirou as sandálias e pediu aos jovens:
_ Por favor, me deixem dormir! Fiquem bem quietos!
Dali a pouco roncava. Na primeira curva do caminho, as sandálias dele rolaram pela estrada. Os discípulos nem se mexeram. Quando o mestre acordou, logo as procurou.
_ Rolaram pela estrada - disseram.
_ E vocês não pararam a carroça? Não fizeram nada?
_ Fizemos, sim, senhor. Obedecemos: ficamos bem quietos.
_ Aí, está bem - conformou-se o Mestre. Mas se eu cochilar de novo, prestem bem atenção se alguma coisa cair da carroça, ouviram?
_ Ouvimos e obedecemos!
Xang cobriu os pés com uma coberta e adormeceu. Entretanto, no balançar da carroça, a coberta deslizou e lá se foi. O Mestre acordou com frio. Mas cadê a coberta? Será quê...
_ Escorregou pela estrada - confirmaram os três.
_ E o que vocês fizeram?
_ Fizemos só o que o Mestre mandou. Prestamos atenção.
_ Não" - esbravejou Xang. Vocês tinham que pegar a coberta de volta! Atenção: se eu dormir e alguma coisa cair da carroça, peçam para parar e PONHAM- O -QUE- CAIU - DE - VOLTA - NA - CARROÇA, entendido?
_ PERFEITAMENTE!
E a viagem continuou: nhec, nhec. O Mestre foi cabeceando e cochilou. Dali a pouco, os jumentos sentiram necessidade de fazer... suas necessidades. Ploft, ploft, ploft, caíram os cocozinhos pelo caminho.
Os discípulos mandaram parar a carroça e, com muito cuidado, foram pondo os fedidos pelotinhos para dentro.
Aquela agitação fez Xang acordar. Nossa que cheirinho!
_ Esperem! O que vocês estão fazendo?
_ Apenas obedecendo! - juraram os três. - Pondo de volta o que caiu da carroça.
_ Não! Mas isso, não!
Aí com aqueles cabeças duras, só muita paciência:
- E bem, vamos começar de novo. Vou fazer uma lista de tudo que o que há na carroça. Se algo cair, verifiquem se está nela. Se não estiver, não peguem de volta, certo?
_ Somos pura obediência, ó, Mestre!
Xang escreveu a lista . Que canseira! Mas agora podia dormir tranquilo... e a carroça subiu uma estradinha íngreme. Numa curva mais fechada, Ops, quem é que caiu dessa vez? O Mestre! Ele escorregou e se foi ribanceira abaixo.
_ Socorro! Socorro! - gritou - venham me pegar!
Graças aos céus ele conseguiu se agarrar numa raiz do barranco.
_ Ei, o que estão esperando? Me ajudem! - chamou.
Mas os discípulos, imperturbáveis, consultavam a lista.
_ Seu nome não está escrito aqui - explicaram. _ Não podemos pegá-lo, ó, Mestre!
Não teve jeito: Xang, com muito esforço, subiu o barranco e voltou para a carroça. Mas não dormiu mais...
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Rosane Pamplona, autora deste conto é contadora de histórias e professora de Língua Portuguesa.
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Queridos, tenham um lindo final de semana, muita paz a todos vocês.
Beijos!

6 comentários:

  1. hahahaha conheço uma história igualzinha a esta, e é real, acontecida de verdade.

    Uma pessoa que conheço, há muito tempo quando havia menor consciência da importância em não manter animais em cativeiros, criava pássaros raros e caríssimos, para competições de canto, em um galpão na sua empresa, todas as noites o vigia da empresa que tinha a incumbência de alimenta-los, fazia a maior confusão, trocava-os de gaiolas, trocava os alimentos deles, cada um tinha sua própria dieta, o dono todas as manhãs chamava atenção do moço e nada dele aprender como tinha de ser e fazer direito, um dia ele se irritou esbravejou com o vigia e falou:

    _A partir de hoje outro tratador virá tratar os animais na hora certa e irá embora, você faça o favor de não chegar nem perto mais dos meus pássaros.

    Aconteceu um dia que depois do tratador ter deixado o local, na madrugada, caiu um temporal que destelhou o galpão e alagou tudo, de manhã o homem encontrou seus passarinhos mortinhos nas gaiolas, afogados e gelados, foi desesperado atrás do vigia, fulano você não viu isso não? Porque não tirou os pássaros da chuva? Ao que o vigia respondeu:

    _ Doutor, meu coração cortou de dó dos bichinhos piando a noite toda na chuva, mas o senhor falou pra eu não chegar nem perto deles mais.

    Juro que foi verdade essa história, o homem era um porta, não aprendia nada, por nada!

    Ah Zélia querida! Vc mora no meu coração e esse seu jeitinho quietinho e sábio foi o que mais me cativou desde o início, Vc esconde tanta grandeza e nobreza na sua humildade.

    Beijos!

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  2. Querida,
    Amei o conto, realmente fatos como este acontecem na realidade. Fico lisonjeada por palavras tão lindas, obrigada, minha amiga
    Beijos, um domingo muito feliz.

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  3. Nossa, que tapa de luva de pelica!

    Rs

    Um beijo, Zélia.

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  4. Oi, linda!

    Tua presença me alegra!
    Beijos, Luana.

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  5. Zélia querida,
    A Rosane deve ser uma excelente contadora de histórias, pois seu conto é bem criativo e interessante.

    Obrigada pelo carinho!

    Beijos.

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  6. Olá, Vera
    Com certeza, seus contos são ótimos.
    Beijos, querida.

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Os mais belos versos de amor que nenhum homem escreveu. Somente feitos por Deus.

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Está na beleza da flor a essência do que não se vê, mas apenas se sabe que existe, o inegável , o verdadeiro mistério da criaçãol.

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